As asas caiem a direito sobre o corpo a tua postura é a de um cão perdido no escuro das noites passadas no relento dos dias que não te querem ver e as pessoas que piadosamente te olham não sabem porque podes estar a sofrer ou do que é que sofres mas tambem não querem saber não lhes causas nenhum efeito que não seja o de nojo
As asas presas ao corpo não podem sair não te opdem abandonar os olhos pregados ao chão não refletem o ódio que trazes dentro de ti, trespassas os outros com esse olhar que não larga as pedras da calçada que fica suja à tua passagem, o cheiro intenso a podridão e a morte é nefasto a todos os que circulam perto de ti e que são obrigados a atravessar a rua para não se cruzarem contigo, quem te vê ao longe não te quer por perto e prefere passar de largo
Caido no chão da cidade que te viu nascer, procuras saber quem és e o que te aconteceu, talvez nunca mais saias desse estorpor, talvez envelheças assim, talvez recuperes aquilo que não sabes que já foste, se é que alguma vez tiveste outra aparência, essas asas negras que te caiem das costas são quem te sustentam na vida, deitas-te no chão escondes uma lágrima solitária que se desprendeu e quer rolar pela face, que lágrima é essa que pode dar azo a uma torrente há que esconde-la, não podes ser visto com lágrimas, o chão perto da cara abafa esse ruido apaga essa loucura, o chão é teu único companheiro, para além daquela puta que te acolhe no seu seio e te beija as frontes e contigo se deita na loucura de amor que não entende, ela que quanto te deixa para ganhar a vida rudemente tratada por outros homens que não têm asas mas que são como tu, te deixa perdido nessas ruas sem destino
O estomago vazio dos dias sem comer, a garganta seca das noites sem dormir, os ossos cansados de suportar o peso das asas que te pendem nas costas, as mãos de unhas que parecem, são, garras, a roupa suja e mal cheirosa, a tua figura cada dia mais deformada, aterroriza quem te vê tu proprio não te suportas e deitas no chão esse corpo e deixas que morra essa vontade de levenr«tar e seguir andando para lado nenhum, perdeste a noção dos dias dos anos de qume és ou de onde és, rasgas os dias nas noites de frio ou de calor sem sentido de viver.
Olha ao teu redor, procura esse seio que te acolhe todas as noites e te leva para casa, seja lá isso o que for, perdes a vista no confim do horizonte sem encontrares aquela mão amiga que te protege, passam por ti cheiros de outas mulheres, olhares de desdém de outros homens, a noite virá breve e tu se não encontrares a tua puta partirás pela noite e a morte seguirá os teus passos e colherá vidas que te odeiam, mas que em surdina te elegem seu protector, pena não saberem quem és tu, talvez se o soubessem não te olhassem com tanto desprezo. Deixas apenas o cheiro no ar a