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sexta-feira, 28 de setembro de 2007

Pai

Solto no vento a angústia de te ter perdido, o medo de te voltar a ver, a raiva de te ouvir
fugiste uma vez e espero que nunca mais voltes, preferiste voltar-me as costas e partir para além sem me dizeres, escondeste-me demasiado tempo, lutei em vão contra essa vontade de te perder
Em tenra idade te matei, nada ganhei em o fazer, nunca te consegui esquecer, vagueias na minha mente, perturbas o meu pensamento errante e sem destino, estás dentro de mim, enraizado no mais fundo do meu ser, e rasgo a carne e o ser, e tu, tranquilo aniquilas a minha vontade de te perder, roubas a identidade do meu ser mais profundo.
Longe vai o tempo em que de vez fugiste, muito para além do conhecimento, muito para além do entendimento, no entanto sinto-te perto, arrepiantemente perto, doridamente colado na pele, e perco-me nas palavras que nunca nos dissemos, nas discussões possiveis sobre temas dificeis de entendermo-nos, nunca nos falamos como pais e filhos, foste sempre aquela figura altiva e aflitiva que não queria ver, não queria sentir para lá de si, foste aquele egoísta que se senta perto do espelho narcisista, nada te incomodava, apenas tu eras o centro do teu universo, todos os outros eram apenas e só "os outros"
Raiva de não te ter visto partir, que ódio, sim posso dizer QUE ÓDIO, não ter estado a teu lado naquele momento único, no ponto sem retorno. Mas, tu também nunca estiveste por perto, nunca te deste verdadeiramente a conhecer, sempre estiveste entre as sombras da noite e a claridade cansada das manhãs frias do Inverno dessa vida que não quiseste viver, dessa negação constante da identidade
Morreste como viveste a olhar para o espelho narcisicamente

1 comentário:

Alberto Mendes disse...

Não deixa de ser irónico que a tua primeira publicação no White Night vá bem ao fundo do teu início. É sobretudo feroz o teu sentimento para com esta figura "Pai".
Se fôr autobiográfico, é uma imagem muito forte do teu passado. Seja como fôr, não peso maior para carregar do que um fardo para alma. Por vezes é melhor ir até à génese de tudo e partilhar as responsabilidades de um dôr de quem a sente e de quem a provocou, para que esse peso se esvaneça com as respostas que o orgulho esconde.


Fantástico a expressividade do sentimento destas palavras

 
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