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quarta-feira, 29 de abril de 2009

Asas XII

Atravessas a rua escura, uma chuva negra e forte cai sobre um mundo imundo e as tuas asas pendem-te do corpo como dois animais mortos que carregas como um fardo que te foi confinado, a puta triste e magra cada vez mais magra segue-te na sua cegueira intoleravel, e tu nem dás conta que ela vai presa á ponta de uma das tuas asas, não tem peso é como mais uma gota dessa chuva que se dilvia sobre a terra. Olhas á tua volta e loucos são os que se atropelam numa correria sem rei nem roque e uns atropelando os outros empurram-se e matam-se porque nenhum se quer molhar nas águas onde tu, calmo e sereno, banhas essas asas fétidas. Um carro pára mesmo á tua frente, estanca e fica imobilizado, estupefacto o condutor mira e remira as tuas protuberâncias, fica estufefacto a olhar-te na chuva qe abarca o mundo e que promete levá-lo á loucura, continuas o teu caminho, nada te detém, apesar de não saberes ao certo de onde vens nem para onde te diriges, e nem sequer te dás conta que andas em circulos a navegar numa cidade sem saida. Tal como tu tantos outros, que se têm como sãos percorrem diariamente essas vielas e calçadas pensando que têm um destino a cumprir, e no fundo andam tão perdidos como tu. Ontem vi-te, já aqui deixei testemunho disso, vi-te e apesar dessa tua aparência imunda tive vontade de correr a pagar-te um copo, sabes como daquela vez que junto secamos a adega e o taberneiro ficou só com água para vender no dia seguinte e aos gritos correu connosco e nós riamos se riamos, nesse tempo as tuas asas eram apenas uma pequena saliencia um nodulo nas tuas costas, e a rir deixámos o taberneiro e corremos esta cidade de lés a lés, não me lembro depois como foi, sei que te foste, como se tivesses morrido, mas não, apenas desapareceste e eu continuei a minha errante vida, conheci cidades e outras tantas mulheres e percorri tantos bares e bebi tanto vinho como comi tanto pão que o teu irmão amassava pela madrugada, e calcorreei tantas ruas desse mundo sem saber de ti, a mim também não interessava por onde andavas tinhas desaparecido e ponto, cada um sabe de cada um. Vivi entre becos e ruelas, consumi tudo o que a vida tinha para me dar e nunca me preocupei com o amanha. Lembras-te daquele padreco que passava a vida a azucrinar-nos a cabeça com o dia de amanha e o quanto nós riamos, éramos dois infantes. A vida passou por mim e eu quase não passei por ela.

As tuas asas voam para longe, e as minhas pernas prende-me ao chão, ironia dos dias que nos tornaram avessos da mesma moeda
Talvez da próxima vez que te veja numa dessas ruelas da vida corra ao teui encontro e juntos, quem sabe o que faremos

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