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quarta-feira, 21 de novembro de 2007

Asas VIII

A noite chega lentamente, e tu continuas aí escondido, acocorado atrás desse muro, como um cobarde és incapaz de enfrentar os teus medos, apenas a raiva que nutres pelos outros te faz parecer destemido, mas no fundo do teu ser sabes que és um cobarde, e essas asas apenas te protegem dos outros por terem um ar tão sombrio. Agachado atrás do muro choras, sem lágrimas mas choras, tens medo de a perder, de haver alguém que a tire da vida que leva, nesse pensamento sorris, és pobre de espírito e maléfico de pensamentos, quem a tiraria da vida que leva, e quem se ocuparia dela sem seres tu, este pensamento faz-te sorrir mas não descansado, nunca se sabe o que os outros são capazes de fazer, as mentes são perigosos espinhos e surpreendentes maquinas capazes de coisas nunca pensadas. Este pensamento assusta-te de tal forma que resolves avançar, de um pulo levantas teu corpo pesado abres asas como se fosses voar, soltas do peito um grito, arrepiante. Levantas os braços e de um salto atravessas o muro, paras em cima de um pobre transeunte que te olha estarrecido com o medo gelado no olhar, agora não és o cobarde de há pouco, a tua raiva prevalece e o teu olhar congela o pobre que ia para casa, não sabes se te deve insultar ou pedir perdão por existir e se ter cruzado contigo, está petrificado no chão. Uivas-lhe e o desgraçado sai a correr, um enorme riso estético sai-te da garganta e aos pulos fazes o caminho deixando os outros estarrecidos a olharem-te. O teu cheiro polui a cidade, nem os esgotos fedem como tu, dobras uma esquina e esbarras com essa mulher de um adorável perfume que te assalta as narinas, num repente sentes vontade de a possuir ali mesmo no chão da cidade podre, ela olha-te num misto de pena e pavor, não é capaz de agir, está pregada ao passeio, agarras-lhe um braço e puxas para ti esse corpo perfumado, os seus olhos olham-te sem medo nem pavor, como se se quisesse entregar a ti, os teus lábios prendem-se num beijo e ela deixa que lhe toques, está em transe. Pobre alma a tua
As asas negras que envolvem teu corpo não te preparam para as loucuras da mente, e errante atravessas as noites e as pessoas, trazes em ti o ódio do Universo. A mente prega mais uma das suas partidas, nem vês, nem ouves, nem sentes, essa mãos que te tocam esses lábios que te sugam a alma, esse perfume esses olhos, não és capaz de reconhecer a tua puta frágil só pelo facto de ela ter tomado um banho incapaz que era de ir ter contigo a cheirar a outro homem. E tu louco pelo perfume investes o corpo contra a fragilidade do ser, uma e outra vez, nem te dás conta de com quem estás, nem do local para onde te levou essa mulher que te parece uma eterna desconhecida, apenas te importa o corpo, queres despejar toda a tua fúria, pensa que te estás a vingar por a tua puta ter ido com outro homem, e tu agora que apanhaste essa desconhecida está a vingar o pensamento e a alma, sem veres que estás tão errado agora como quando cobardemente te escondias acocorado atrás do muro com as asas a protegerem teu corpo e a enganarem a tua mente.
As asas não te protegem da realidade, e quando num último esgar escorres a seiva dentro do corpo dessa mulher que desconheces, abres os olhos e louco vês quem ela é, gritas espavorido a loucura atinge-te na forma mais torpe, e a puta frágil que te embalou o corpo deixa fugir uma lágrima, não sabe se de medo de te perder se de vergonha de tu não a teres reconhecido. As mãos torcem os lençóis sujos do sexo que julgavas fazer com outra, e os olhos olham o vazio do quarto, não és capaz de a olhar de frente, de lhe dizeres o quanto arrependido estás por não teres sido capaz de a olhar quando a agarraste e lhe prendeste os lábios num beijo que ela de ti nunca tinha sentido.
As asas não te deixam pensar, e voas pela janela num salto acrobático aterras no chão da cidade e corres louco pelos passeios desejoso de agarrares uma vítima e lhe apertares o pescoço até ao suspiro final
As asas negras como um manto esvoaçam pelas ruas.

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