Mordes, cerras os dentes em orno de ti, mordes toda a tua raiva, deixas de te exprimir, emudeces a face e calas os sentimentos de raiva e loucura, a noite vem la longe e o teu corpo atravessa o dia involuntário de ti apenas tu podes decidir o que fazer mas deixas isso para outros e as suas decisões não vão de encontro às tuas necessidades, nem são do teu agrado. Mordes todo o corpo, violentas-te na força de não perderes a razão perdida no tempo de um pensamento, erras a cada palavra que proferes, és a negritude das noites nos dias da tua própria existência
Deixa o mundo guiar-te, deixa que forças mais poderosas te digam o que fazer, cala os sentimentos sejam eles o que forem para ti, morde os lábios e cerra em ti a força de ver mais longe, o mundo que tu conhecias acabou, deixou-te morrer, e agora falas pela boca de outro, sentes os seus sentimentos e erras pelo mundo dos mortos vivos
Eras tu quem tudo mandava, não te deixes enganar, não te deixes perder por esse mundo novo, nada é real, vives onde a tua mente te deixa ir, e a tua mente não é tua, pertence a outro, o mundo não é teu, pertence a outros. Andas nú pelos corredores a que chamas estradas e ruas, não conheces a verdade e ela nunca se vai dar a conhecer, tiraram-te o cérebro que te ajudava a orientar o mundo, o mundo que era teu, não és ninguém não deves ser nada
Mordes, cerras os dentes no crânio do pensamento, sabes que não és daqui, que viveste em outro lugar, era esse o teu pensamento mas ele foi-te tirado, perdeste o direito de pensar, de agir por ti, és um ser, não um homem.
Deixas que te acariciem a pele, mas não entendes porquê, deixas que te alimentem, mas não sa bes porquê.
Mordes os lábios e ficas de olhos esbugalhados a ver o sangue que te cai da cara, mas nada te diz não sentes a dor que te rasga a alma, não ves o mundo que era teu, mas também não sabes que ele te pertencia
Deitado nessa cama, agonias, os dias são noites e as pessoas que te rodeiam, o que fazem elas aqui, quem são estas pessoas, aquele rosto é-te familiar, não sabes que o teu mundo ruiu, pensas que está perto de ti quem não te consegue ver. E quem são estas pessoas que te rodeiam, que mão é esta que te está a alimentar, que sabor é este que te estão a meter na boca porque é que tenho de engolir, e tentas deitar fora a comida que te dão á boca, mas insistem em meter-te pela boca abaixo essa colher de um liquido que tu não reconheces, e não fazes mais nenhuma tentativa de vomitar
Essa cara que te olha, calada, fixa em ti, é essa a única cara que tu reconheces, mas ela não se mexe está paralisada no tempo, e tu não entendes porque é que essa cara se sobrepõe a todas as outras pessoas que estão no quarto, nem sequer sabes onde é esse mundo. Mordes os lábios e calas todos os gritos que queres dar, sabes que não o deves fazer, mas não sabes o porquê
terça-feira, 20 de novembro de 2007
Tu
Postado por
White Night
às
11:46
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