A rua está deserta parece que ninguém vive nesta triste terra, vagueando pelas ruelas desconhecidas procura um café, precisa desesperadamente de beber um café bem forte, da cabeça não lhe saem os reais sonhos nocturnos. Parece que quanto mais quer esquecer o passado mais ele se quer enraizar na sua mente, não lhe dando descanso. Por raio é que foi invadido por aquela sucessão de imagens, nunca ali tivera estado, não lhe era minimamente conhecido sequer o nome da terra.
Um café, praticamente vazio, dois velhos a fumar sentados ao fundo e uma mulher mais uma criança que sentadas perto da porta o olharam com desconfiança, afinal ele não passava de um estranho. Pediu um café e perguntou onde poderia comprar cigarros e um jornal, a mulher atrás do balcão desapareceu por uns momentos e quando voltou trazia nas mãos dois jornais diferentes e um maço de cigarros da marca que ele fumava. Ficou boquiaberto, nem queria saber como é que a mulher sabia qual a marca de cigarros que ele fumava nem como é que ela sabia sem lhe perguntar quais eram os jornais que ele pretendia. Pegou as coisas e foi sentar-se ao fundo do café, quase ao lado dos velhos, que o cumprimentaram ao passar por eles com um aceno de cabeça, deferiu o cumprimento e teve a sensação de eles o conheciam, alias tinha a certeza que todos quantos estavam naquele café de algum modo o conheciam, mas para ele tudo era novidade tinha a certeza mais que absoluta de que nunca ali tinha estado, nem sequer tinha passado por perto daquele lugar que se estava a mostrar muito intrigante.
As notícias as mesmas de todos os dias, politica tiros e mortos na estrada. A atenção foi-lhe desviada para uma noticia que dava conta de um acidente gravíssimo acontecido na noite anterior na auto-estrada que ele percorrera, o jornal noticiava que devido a um condutor desatento, possivelmente alcoolizado, teria feito com que um outro condutor se tivesse despistado e tendo ido contra os raids da estrada teria ficado gravemente ferido, a identificação do condutor que causara o despiste era ainda desconhecida mas a brigada de transito estava na esperança de ainda durante aquele dia descobrir através das câmaras de vigilância qual o carro que poderia ter estado envolvido no acidente.
Poisou o jornal, um suor frio trespassou-lhe o corpo deixando-o gelado, apesar do imenso calor que se fazia sentir naquele dia. Fez um esforço, lembrava-se de ter repentinamente guinado o volante para se desviar de um obstáculo, tinha a vaga ideia que poderia ter cabeceado com sono, na noite anterior, o local identificado no jornal era a poucos quilómetros da saída por onde tinha chegado aquela terra.
Teria ele algo a ver com o despiste, ou apenas uma enorme coincidência
domingo, 11 de novembro de 2007
Perdido no tempo vazio VII
Postado por
White Night
às
19:03
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