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sexta-feira, 26 de outubro de 2007

Asas VI

Aterras no cais, chão de lama onde as gaivotas proliferam e defecam, as tuas asas não te salvaram dessa enorme queda, a mente atraiçoou-te e mais uma vez adormeceste ao som do mar que assalta teu espírito e te afunda na perplexidade das ondas que são teus próprios pensamentos, aterraste nessa lama de dejectos, e onde os bêbados mijam tens agora as mãos e a cara, por momentos perdeste esse sorriso que constantemente te atravessa o rosto e zomba de quantos te percorrem os dias, como essa puta frágil que não te viu cair e agora ao olhar para ti não sabe o que fazer e por isso, deixa também que o seu corpo apodreça junto ao teu numa mina de mijo e merda.
São escárnio de quem passa e olha com desdém o homem de asas negras e a puta especados no chão como se fossem dois montes de esterco. Lentamente levantas a cara e olhas o mundo visto do chão, tentas em vão levar a mão a um transeunte para que te ajude, mas como tu já fizeste no passado, este desvia-se de ti e cospe na tua direcção, falhando por poucos milímetros a tua cara. A ira aumenta e transformasse em raiva e tu e sem conhecimento das tuas forças enterras as mãos na pobre puta frágil e levantas teu corpo espezinhando esse pobre corpo que se deitou a teu lado e que se deixava morrer por ti. Atiras as asas para o lado, ganhas de novo esse teu sorriso desdenhoso, tornas a ver o mundo de cima, cospes para o lado, mesmo nos olhos dessa que te segue cegamente, nem dás conta que essa pobre criatura se está a tentar levantar segurando as pontas das tuas asas, segues caminho, vais direito ao primeiro bar rasca que consegues encontrar. Atrás de ti arrastando o corpo andrajoso segue, com se fosse uma sombra, essa puta frágil que tu desconheces. Já reparaste que nunca lhe diriges a palavra, nem quando ela te acalma as noites doentias e te suga o mal das entranhas e bebe o teu fel, nunca, nem uma só vez tu foste capaz de lhe dirigir um insignificante olhar, mas sentes a sua falta quando ela por momentos se distrai e perdida fica a olhar para uma qualquer montra dessa cidade escura e fria, nessas alturas tu paras e ficas espantalho no meio do passeio sem direcção sem rumo que seguir, e só quando ela se lembra de ti e se cola a esse teu hediondo ser é que tu segues caminho, ganhas vida e desperta em ti o ódio de te sentires assim, mas nunca, mesmo nuca lhe diriges a palavra, nem para a desencantar
As asas estão a ficar podres e esse teu sorriso maléfico aterrou na lama de merda e mijo de todos os bêbados que tu nunca conheceste, mas agora que segues direito com as asas a arrastarem no chão, olhas com desdém todos os que se desviam desse fétido cheiro que transborda do teu corpo

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