Em espirais de medos incontidos encerras em ti a dor de transportar esse moribundo corpo envolto numa mortalha de pensamentos errantes que te vazam a razão e toldam o espírito, nesse deambular pela noite dos dias dormes ao acaso nos bares entre dois tragos, copos vazios como esse corpo que perdeu a alma e se tolda no vinho barato. Olhas o mundo à tua volta escarneces das mulheres que te tentaram dar a mão, atropelas transeuntes no passeio com teu corpo imundo, cospes no chão onde vais ter de deitar o corpo, como animal que marca terreno urinas as paredes em teu redor, o fedor do mundo pode muito bem vir de ti. És besta sem igual percorres a noite transportando contigo os despojos de corpos putrefactos e envias para o leito da morte toda a vida que contigo se envolva. És uma espiral demoníaca que atravessa o universo em busca de uma demanda que se perdeu na escuridão dos tempos, vens da Idade Média fustigar os dias serenos, julgas-te cavaleiro de tempos imemoriais e com tua espada brames toda a raiva do inferno mais denso. Morre nesses bares onde te deitas, afoga-te entre copos bebidos por outros teus pares deixa este mundo vazio de ti.


1 comentário:
Ode a um morto.
Cheira-me até que pode ser ode a um imortal, que não sabe que não pode morrer e julga-se já morto.
O seu desinteresse pela vida parece-me ser tão intenso que ao longo da sua segunda existência, o pós-morte, que nunca foi, marcou para sempre o lado negro, predominante nesta existência.
Um vampiro por ventura!!!
Enviar um comentário