Como um anjo de asas caídas vogas na noite dos sentidos, espirais arrependidas da noite negra como a morte, vacilas entre beijos de putas frágeis, revigoras teu corpo no álcool dos outros bebido em tragos largos nesses bares rascas onde conheces a vida, que pensas que é só tua, ferindo de morte todas as criaturas que contigo se cruzam, sem perderes um só segundo a pensar, o ódio cresce em ti, como essas asas pretas sujas de tanto roçarem corpos frágeis de putas que julgam dar-te prazer, rogas pragas como bebes esse vinho rasca em copos sujas de mãos que desconheces. Depositas as asas num qualquer quarto de uma pensão do acaso, deitas ao lado de um corpo estranho que esquecerás na manhã dos dias, entras em transe perdes as asas permaneces pregado ao solo, o beijo que te aquece o corpo fulmina todos os ódios, aquela fraca figura colhida na rua de roupas quase rotas transportou para ti toda a sua amargura. Olhos rasgados na noite o frio gélido da morte atravessou a porta e prendeu-se nesse beijo, cerras as asas podres de um anjo caído, olhas a puta frágil que surpreendeu, acordas da letargia dos dias, a mente voa-te para além do conhecimento, recordas os dias mais velozes da tua curta existência, preso nesse corpo frágil encontras o desconhecido sentimento que te quebra as asas do ódio, fincas forte o olhar, e essa mulher a quem pagas por um simples momento de prazer carnal desperta em ti vagas torrentes quentes de paixão, engana-te o olhar e perdes as asas sujas no chão da vida. Saltas dessas camas de enganos, voas pelas ruas desesperado, desamparado e num bar de má sorte encontras o vinho mortal, encerras-te nessas asas pretas que te ferem a vida e as putas que te conhecem velam agora teu cadavérico corpo embrulhado numa mortalha de asas podres como foi a tua vida.
quinta-feira, 4 de outubro de 2007
Asas
Postado por
White Night
às
12:39
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1 comentário:
Dark city!
Não poderá haver um estado de espírito mais torpe do que um homem abandonado ao desemprego da sua vontade pelo amor próprio.
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